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Amores interrompidos pela ditadura militar

Em "Quase-romance nos pomares da eternidade", Silvio Damasceno ficcionaliza a história real de um jovem morto em sala de aula durante o regime
Foto de capa Amores interrompidos pela ditadura militar
Em "Quase-romance nos pomares da eternidade", Silvio Damasceno ficcionaliza a história real de um jovem morto em sala de aula durante o regime
Publicado em
07/08/2025

Às vésperas da formatura em Direito e do casamento, Zé Luiz é atingido por um tiro enquanto assistia a uma aula. Ele é encaminhado para o hospital, mas não sobrevive. Tragédia ocorrida durante a ditadura militar, os registros oficiais afirmam que o episódio foi um acidente causado pela queda da arma de um agente federal. Mas as perguntas nunca respondidas do caso sugerem uma motivação contrária: o que um servidor do governo estava fazendo disfarçado de estudante em uma universidade e por que portava uma arma carregada? 

A história de Zé Luiz em Quase-romance nos pomares da eternidade, escrito pelo advogado paraense Silvio Damasceno, é uma ficção inspirada nas memórias do próprio autor sobre o fato que aconteceu quando ele cursava a faculdade. Na época, em 1980, César Moraes Leite foi morto após ser baleado na Universidade Federal do Pará. Posteriormente, o evento suscitou uma série de protestos e manifestações que questionava a repressão. 

No livro, entretanto, o escritor utiliza a tragédia para ficcionalizar a trajetória do protagonista. Nascido no interior, ele era um ribeirinho que tinha o sonho de estudar. A escola do vilarejo onde morava não tinha ensino médio e, por isso, mudou-se de cidade para continuar a educação formal. Confrontando o próprio destino, chegou à universidade e tornou-se politicamente engajado em um período de ditadura. 

Zé Luiz reconheceu a voz e a frase inconfundíveis, virou o rosto e viu a namorada correndo em sua direção; rapidamente desvencilhou-se e disparou ao seu encontro. O soldado e o cabo, de cassetetes em punho, desembestaram atrás dele, deixando o carro todo aberto. Bem no centro da praça, Zé Luiz e Marluce se abraçaram e se beijaram, no exato momento em que o céu explodiu iluminado pelos fogos do Reveillón. (Quase-romance nos pomares da eternidade, p. 152) 

A jornada do personagem se entrelaça à de Marluce, com quem vive um intenso relacionamento. Enquanto vivencia diversos problemas, como o racismo e a falta de dinheiro, a garota revela suas fragilidades a Zé Luiz. Entre afetos e desencontros, os dois amadurecem aos poucos até se tornarem um casal prestes a se casar e com um bebê a caminho. Esse futuro amoroso e próspero, porém, é interrompido com o assassinato do protagonista. 

Quase-romance nos pomares da eternidade narra a vida das pessoas que partem rumo à cidade grande, com uma maleta vazia em mãos e uma cabeça cheia de sonhos, e que, nesse caminho, enfrentam as durezas do mundo. Ao mesclar realidade com ficção, Silvio Damasceno lança um olhar para a juventude que cresce, ama e resiste diante das injustiças. 

FICHA TÉCNICA 

Título: Quase-romance nos pomares da eternidade 
Autor: Silvio Damasceno 

ISBN: 978-65-983330-4-1 

Páginas: 200 
Preço: R$ 29,90 (físico) | R$ 17,40 (e-book) 

Onde comprar: Amazon | Clube de Autores 

Sobre o autor: Silvio Damasceno é paraense, nascido em Ourém e morador de Ulianópolis. Aos 70 anos, é formado em Direito e atua como tabelião. Como escritor, publica o livro Quase-romance nos pomares da eternidade, inspirado em César Moraes Leite, um estudante que foi morto enquanto assistia às aulas na Universidade Federal do Pará. 

 

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