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Aumento do IOF fará brasileiro trabalhar mais 2 dias em 2025 e 4 dias em 2026 para pagar tributos, aponta IBPT

Instituto alerta para impacto silencioso no bolso da população com reajuste de imposto que incide sobre operações de crédito. Divulgação
Foto de capa Aumento do IOF fará brasileiro trabalhar mais 2 dias em 2025 e 4 dias em 2026 para pagar tributos, aponta IBPT
Instituto alerta para impacto silencioso no bolso da população com reajuste de imposto que incide sobre operações de crédito. Divulgação
Publicado em
23/06/2025

O brasileiro, que já precisou trabalhar 149 dias em 2025 — até 29 de maio — somente para pagar tributos, terá ainda mais sacrifícios tributários. De acordo com uma nova projeção do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), já editado pelo governo federal e que vem sendo proposto no Congresso Nacional deve fazer com que o contribuinte trabalhe dois dias a mais em 2025 e quatro dias a mais em 2026 para custear o peso da carga tributária.

 

"O aumento do IOF é mais um retrocesso que recai sobre toda a sociedade. Enquanto o brasileiro já destina quase cinco meses do ano para sustentar o Estado, agora terá que sacrificar ainda mais dias de trabalho sem qualquer contrapartida em qualidade dos serviços públicos. Trata-se de uma medida que agrava a regressividade do sistema tributário e penaliza especialmente quem mais precisa de crédito.", comenta João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT e um dos autores do estudo.

 

O alerta amplia os dados do recente estudo do IBPT sobre a quantidade de dias trabalhados para pagar impostos. Uma análise anual revela que 40,82% da renda do brasileiro é destinado ao pagamento de tributos, o que equivale a quase meses de trabalho, considerando impostos sobre cinco consumo, renda e patrimônio.

 

O IOF, embora pouco visível para grande parte da população, tem efeito de cascata e está presente em praticamente todas as etapas da economia: incidente sobre empréstimos, financiamentos, seguros, operações de câmbio, crédito rotativo de cartões e até remessas internacionais.

 

"O IOF é um imposto silencioso, mas extremamente perverso. Está embutido no custo de produtos e serviços e é pago tanto pelas empresas, que repassam o custo ao consumidor, quanto diretamente pelos cidadãos em algumas de suas operações financeiras. Com o aumento, a população será ainda mais penalizada, tendo que trabalhar mais dias para arcar com o novo ônus", afirma Gilberto Luiz do Amaral, presidente do Conselho Superior do IBPT.

 

O impacto é ampliado por sua natureza cumulativa. A indústria paga IOF sobre crédito, câmbio e seguro e embute esse custo no preço dos produtos. O comércio, por sua vez, arca novamente com esses encargos e os repassados ao consumidor. Além disso, o próprio cidadão ainda paga o IOF diretamente em suas compras no exterior, financiamentos e operações com cartões de crédito.

 

"Esse tipo de tributação exige a renda de todos, inclusive aqueles que não tomam crédito diretamente. Quando olhamos o conjunto da carga tributária, o brasileiro já trabalha quase cinco meses por ano só para pagar tributos. O aumento do IOF só agrava esse cenário", reforça Amaral.

 

O levantamento do IBPT considera a incidência de tributos sobre consumo (83 dias), renda (55 dias) e patrimônio (11 dias), totalizando 149 dias de trabalho exigido em 2025. O percentual de 40,82% da renda comprometida com se impostos entre os mais altos do mundo, superando o de países com serviços públicos de qualidade muito superior ao do Brasil.

 

Desde a década de 1970, o número de dias trabalhados para pagar tributos quase dobrou, saltando de 76 dias para os atuais 149. A tendência histórica de crescimento da carga tributária é preocupante, e medidas como o aumento do IOF apenas confirmam esse caminho de sobretaxar o contribuinte.

 

Sobre o IBPT

O Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) foi fundado em 12 de dezembro de 1992, com o objetivo inicial de congregar estudiosos das ciências jurídicas, contábeis, sociais e econômicas para debater sobre temas relacionados ao cotidiano tributário. Desde sua fundação, o IBPT se dedica ao estudo do complexo sistema tributário no país, sendo reconhecido pela adoção de uma linguagem clara e precisa à sociedade sobre a realidade tributária brasileira. O IBPT também lançou bases e fundamentos para viabilizar a lógica da transparência fiscal, promovendo a conscientização tributária.

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